CONSELHOS MUNICIPAIS AVALIAM NOVA EXPOGRAFIA DO MUSEU HISTÓRICO “PAULO SETÚBAL” EM REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA
A convocação atendeu às diretrizes estabelecidas pela Lei Municipal nº 5.910/2024, que institui o Plano Municipal de Cultura e orienta a gestão participativa dos equipamentos culturais.
A Prefeitura de Tatuí, por meio da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, realizou uma reunião extraordinária com os Conselhos Municipais de Políticas Culturais (CMPC), de Turismo (COMTUR), de Patrimônio Histórico e Artístico (CONDEPHAT) e dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD), para avaliação da nova expografia do Museu Histórico “Paulo Setúbal” (MHPS). O encontro ocorreu em 25 de novembro, no Centro Cultural - Edifício Alvorada.
A convocação atendeu às diretrizes estabelecidas pela Lei Municipal nº 5.910/2024, que institui o Plano Municipal de Cultura e orienta a gestão participativa dos equipamentos culturais. O processo também está alinhado à criação do meta-conselho consultivo - o interconselhos - que reúne representantes dos Conselhos de Cultura, Turismo e Patrimônio.
Na reunião, a Secretaria apresentou três eixos centrais relacionados à renovação museológica do MHPS: identidade visual e sinalização interna; intervenções da Fase 1 (Térreo e Subsolo); e diretrizes gerais de acessibilidade, elemento estruturante da modernização do espaço.
Conduzido pelo secretário-adjunto de Cultura, Rogério Vianna, ao lado do diretor de Museus e Memória, Cristiano Guimarães de Camargo, o encontro detalhou que toda a atualização expográfica está em consonância com o Plano Museológico do MHPS, instituído em 2010, à época sob gestão da Organização Social de Cultura “ACAM Portinari”, do Governo do Estado de São Paulo. Foram apresentadas as novas versões da identidade visual e da logomarca, preservando o tatu como símbolo do museu e incorporando elementos arquitetônicos da edificação.
Vianna também relembrou que o projeto inicial já havia sido apresentado aos mesmos Conselhos Municipais entre os meses de maio e junho de 2025, e que, nesta etapa, houve aprofundamento técnico sobre as versões monocromáticas da marca, paleta cromática, tipografia e sobre a proposta de implantação de um novo totem na Praça Manoel Guedes. O totem será semelhante ao do Museu da Imagem e do Som - MIS Tatuí “Jornalista Renato Ferreira de Camargo”, administrado pelo MHPS, criando uma identidade padronizada aos Museus de Tatuí.
A proposta contempla também nova fachada externa, com definição clara dos acessos principal e de serviço, além de entrada exclusiva para pessoas com mobilidade reduzida. Na parte expográfica, foram anunciadas intervenções no percurso museológico que iniciará com o tema “O que conta esse lugar?”, contextualizando a história da sede, a atuação de Nilzo Vanni - responsável por iniciar a preservação da memória de Paulo Setúbal a partir de 1937 - e a formação do acervo ao longo das décadas. O resumo histórico apresentado destaca que o acervo passou por outros prédios antes de chegar ao atual endereço, destinado ao museu em 1962 e inaugurado oficialmente em 1975, sendo renomeado em 1976 como Casa de Cultura Paulo Setúbal. Na década de 1980, funcionou também como espaço de aulas do Conservatório e, finalmente, em 2010 reinaugurado como Museu Histórico “Paulo Setúbal”.
Os corredores apresentarão conteúdos sobre a Semana Paulo Setúbal, criada em 1943 por Fernando Guedes de Moraes, Celso Vieira de Camargo e Paulo Sílvio Azevedo e reconhecida como o mais expressivo movimento cultural da cidade, bem como a trajetória da escritora tatuiana Leila Salum Menezes da Silva (1932–2022), uma das autoras mais premiadas do evento entre 1970 e 1975.
A Sala “Paulo Setúbal: Escritor de Tatuí” reunirá painéis, linha do tempo, objetos pessoais, mesa interativa e o Galardão de posse do autor na Academia Brasileira de Letras.
No subsolo, a nova sala “Tatuí em notícias” apresentará recortes históricos publicados principalmente no jornal centenário “O Progresso de Tatuí”, além de reportagens sobre eventos marcantes da história local. Entre os conteúdos selecionados estão matérias de Maurício Loureiro Gama - incluindo textos sobre a eleição de Paulo Setúbal para a ABL e sua morte em 1937 - e o emblemático artigo de Oscar Pimentel, de 1934, que eternizou Tatuí como "Cidade Ternura". Completam o conjunto reportagens sobre a eleição de Chiquinha Rodrigues, primeira mulher prefeita do município (1945), registros de Tatuí durante a Segunda Guerra, a instalação do Conservatório de Tatuí (1954), notícias sobre a Casa de Paulo Setúbal e matérias publicadas no jornal “O Estado de São Paulo”.
O painel “Quem são esses personagens?” destacará personalidades tatuianas que contribuíram para a formação cultural e social da cidade, entre elas Elze Vanni, referência em filantropia; José Fernandes da Silva (Juquita), combatente da Força Expedicionária Brasileira na Itália; Chiquinha Rodrigues, educadora, escritora e pioneira na política; Chico Pereira, professor retratado por Paulo Setúbal em Confiteor como "o homem mais rico de minha terra" pela sabedoria e generosidade; além de reafirmar a relevância histórica de Armando Pettinelli. A vitrine associada reúne objetos do acervo do Museu, incluindo livros raros de Chiquinha Rodrigues, troféus de Maurício Loureiro Gama, itens militares, utensílios pessoais e registros das celebrações pelo fim da Segunda Guerra, compondo um panorama afetivo e documental da memória tatuiana.
A modernização inclui ainda o “Território de linguagens”, composto pelos painéis "Tatuí, um lugar de afetos" e "Palavras que contam histórias", que celebram a identidade cultural e afetiva da cidade. O painel do mapa afetivo reúne pontos marcantes como a Praça Manoel Guedes, a Praça da Santa e seu Pinheirão, a Concha Acústica, a Avenida das Mangueiras, o Conservatório de Tatuí, o Teatro Procópio Ferreira, o Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, o MIS, o Casarão dos Guedes, a Fábrica São Martinho e o Aeroclube. Também valoriza sabores tradicionais - como o mingau de milho verde, o bolinho de frango, o arroz com frango, os fios de ovos, a bala de coco e os doces ABC - além de festas populares como a Feira do Doce, a Festa de São Jorge, festas juninas, Carnaval e romarias. Já o painel "Palavras que contam histórias" destaca o jeito tatuiano de falar, reunindo expressões marcantes como "chuviscandinho", "pé vermeio", "xé!", "tirico de espingarda", "dois palitos", "tropé", "revertério", "supetão", "sartei de banda", "taio", "toró", "bocó de mola" e "seu panguá". O público é convidado a compartilhar suas próprias expressões, reforçando a participação da comunidade na preservação da memória linguística local.
Haverá um novo espaço para quem está escrevendo a história de Tatuí na atualidade e que será atualizado a cada semestre com novas personalidades: “Cidade que escreve, cidade que vive”, celebrando a produção literária tatuiana. No painel "Descubra quem são os escritores de Tatuí", o público conhece autores de estilos e gerações diversas, como Cristina Siqueira, Priscila Flor, Ivan Camargo, Raquel Prestes e Renato Mello. O módulo também conta com o painel interativo "Brinque com as palavras", que convida o visitante a criar seus próprios textos.
Nos corredores do Subsolo constará o registro da edificação: "As portas deste corredor são remanescentes das antigas celas da cadeia pública de Tatuí, preservadas para destacar um dos usos históricos do edifício, que também funcionou como fórum antes de se tornar sede do Museu Histórico ‘Paulo Setúbal’".
Outro ponto apresentado foi o conjunto de medidas de acessibilidade, desenvolvido por Carolina Fomin e Vânia Mantovan, que prevê recursos comunicacionais como videoguias em Libras, audiodescrição, mapas e maquetes táteis, além de adequações arquitetônicas, instalação de pisos táteis, novas rotas acessíveis e previsão de elevador. A sinalização inclusiva também será ampliada, garantindo clareza e autonomia ao visitante.
Após a exposição, os conselhos envolvidos apresentaram suas considerações. O COMTUR não registrou objeções; o CMPC solicitou aprofundamento no painel “Palavras que contam histórias”, reforçando a necessidade de pesquisa local e maior diversidade de linguagens culturais, não somente a literatura; e o CONDEPHAT elogiou o estudo apresentado.
A Secretaria destacou ainda a parceria com a Fundação Itaú Cultural, que financia esta etapa da nova expografia elaborada pela Arquiprom, empresa responsável pela concepção atual do MHPS e pela expografia do MIS Tatuí. Informou também que a fase do 1º andar terá início na sequência e que o processo de adequações estruturais do edifício está em fase documental para posterior execução civil.
Ao final, foi apresentada a equipe técnica e educativa do Museu Histórico “Paulo Setúbal”, aplaudida pelos conselheiros pela excelência na salvaguarda e na difusão da história de Tatuí.
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